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Adolescente que morreu por supostas complicações causadas por vape usava dispositivo há 3 meses

Estudante de 15 anos foi tratada em diferentes hospitais com suspeita de pneumonia. Após piora, ela contou sobre uso de cigarro eletrônico. Maria Enedina Scua...

Adolescente que morreu por supostas complicações causadas por vape usava dispositivo há 3 meses
Adolescente que morreu por supostas complicações causadas por vape usava dispositivo há 3 meses (Foto: Reprodução)

Estudante de 15 anos foi tratada em diferentes hospitais com suspeita de pneumonia. Após piora, ela contou sobre uso de cigarro eletrônico. Maria Enedina Scuarcialupi, da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT). A adolescente de 15 anos que morreu na quarta-feira (28), em Brasília, por supostas complicações causadas pelo vape, usava o dispositivo há pelo menos 3 meses, segundo os médicos que atenderam a estudante. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 DF no WhatsApp. Enfrentando tosse persistente, ela passou por tratamento em diferentes hospitais do Distrito Federal. Os médicos suspeitavam que ela estivesse com pneumonia. Segundo a médica Maria Enedina Scuarcialupi, da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), quando a adolescente teve uma piora, e passou por uma nova entrevista, ela contou sobre o uso do vape. Foi quando as equipes de saúde descartaram a pneumonia (veja entrevista acima). A suspeita é que a morte tenha ocorrido por lesão pulmonar associada ao uso de cigarro eletrônico, conhecida como "EVALI" — sigla em inglês para e-cigarette or vaping use-associated lung injury. A família da jovem disse que não sabia sobre o uso do vape. A estudante morava em Ceilândia, no Distrito Federal, com os pais. Segundo os médicos, a jovem perdeu o pulmão esquerdo. Saga por hospitais Pessoa fumando vape Diego Fedele/AAP Image via AP Médicos ouvidos pela reportagem contaram que a adolescente estava há meses com uma tosse persistente. A família procurou atendimento em vários hospitais, até que a menina foi internada no Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB). Em 18 de maio, a adolescente foi transferida da UTI do HMIB para a enfermaria do Hospital Cidade do Sol (HSol), em Ceilândia. A paciente foi tratada com antibióticos, corticosteroides e suporte clínico. Segundo o IgesDF, a estudante apresentou melhora com fisioterapia para recuperar a função pulmonar. Dois dias depois, a menina voltou a ter febre e o tratamento precisou ser ajustado. Em razão da "necessecidade de continuidade do cuidado especializado", a adolescente foi transfrida pra o Hospital Universitário de Brasília (HUB), na terça-feira (27). O HUB informou que a paciente ficou sob os cuidados da equipe de pneumologia. Como o quadro de saúde se agravou, na quarta-feira (28) "houve necessidade de cuidados em unidade de terapia intensiva (UTI)", mas o hospital estava com lotação máxima. Na quarta (28), a jovem então foi transferida para a UTI do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN). O g1 apurou que ainda na ambulância ela sofreu uma parada cardíaca. A equipe do HRAN tentou reanimá-la, mas não teve sucesso. A Secretaria de Saúde (SES-DF) não deu informações sobre o caso, em função da legislação que impõe sigilo sobre o prontuário de pacientes atendidos na rede pública. Venda de cigarro eletrônico é proibida no Brasil O que tem no vape? Pesquisadores encontram substância semelhante à anfetamina O uso de dispositivos eletrônicos para fumar, como o vape, é proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2009. Apesar disso, a comercialização desses produtos ocorre de forma clandestina em várias regiões do país, como no DF. "O vape tem várias substâncias químicas. Independente da marca, ele tem vitamina E. [...] Se for para inalação, ela se transforma como se fosse cristais e provoca lesões nos alvéolos, que inflamam e viram fibrose, como se fosse cicatriz. [...] O tecido perde a funcionalidade, não funciona mais para entrar o oxigênio e sair o gás carbônico. Ele não faz mais a respiração", diz a médica Maria Enedina Scuarcialupi. A médica explica que a EVALI é uma doença nova e teve o CID (Classificação Internacional de Doenças) registrado recentemente. "Nem todos os médicos estão habituados. Às vezes, o médico nem lembra de perguntar se o adolescente usa vape. [...] Muitos jovens já devem ter morrido com diagnóstico de insuficiência respiratória aguda por influenza, Covid, por infecção, porque simula o quadro de infecção", afirma. LEIA TAMBÉM: VAPE: Mesmo proibidos pela Anvisa, cigarros eletrônicos são facilmente comercializados no DF GREVE DOS PROFESSORES: Justiça do DF define multa diária de R$ 1 milhão para sindicato caso paralisação aconteça Leia mais notícias sobre a região no g1 DF.