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BRB diz que contratará auditoria externa para apurar fatos da operação Compliance Zero

PF prende presidente do banco Master e justiça afasta presidente do BRB O Banco de Brasília (BRB) informou nesta quarta-feira (19) que seu conselho decidiu, n...

BRB diz que contratará auditoria externa para apurar fatos da operação Compliance Zero
BRB diz que contratará auditoria externa para apurar fatos da operação Compliance Zero (Foto: Reprodução)

PF prende presidente do banco Master e justiça afasta presidente do BRB O Banco de Brasília (BRB) informou nesta quarta-feira (19) que seu conselho decidiu, na noite anterior, contratar uma empresa independente para revisar e investigar os pontos levantados pela operação Compliance Zero, da Polícia Federal. A ação levou ao afastamento temporário — por 60 dias, por ordem judicial — do presidente do banco, Paulo Henrique Costa. “O BRB reafirma seu compromisso com as melhores práticas de governança, transparência e prestação de informações ao mercado, e que o conselho de administração seguirá acompanhando de forma contínua os desdobramentos dos fatos, mantendo seus acionistas e o mercado devidamente informados”, disse o banco estatal. Na terça-feira (18), a PF prendeu o dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, e outras pessoas durante a mesma operação, que investiga suspeitas de crimes no sistema financeiro. No mesmo dia, o Banco Central decretou a liquidação do Master. Em setembro, o BC já havia barrado a compra do Master pelo BRB, após meses analisando se o banco teria fôlego para assumir a nova estrutura. Além disso, muito antes de tentar adquirir o Master, o BRB vinha comprando parte das operações de crédito do grupo desde 2024. É justamente essa movimentação que está no centro da investigação feita pela PF. LEIA MAIS Banco Central determina a liquidação extrajudicial do Banco Master SAIBA MAIS: Como ficam correntistas e investidores após a liquidação pelo BC? ENTENDA: O que é FGC e qual seu papel no caso do Banco Master? PASSO A PASSO: Tem investimento no Master? Saiba como reaver seu dinheiro Presidente do BRB é afastado do cargo O presidente do Banco de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa, se manifestou na manhã desta quarta-feira sobre a decisão judicial que culminou no seu afastamento. Em nota enviada à TV Globo, Costa declarou que "aquisições de carteiras são operações tradicionais do mercado financeiro". "Aquisições de carteiras são operações tradicionais do mercado financeiro. No caso do Banco Master, o BRB identificou, no primeiro quadrimestre, divergências documentais em parte das operações, comunicou o fato ao Banco Central do Brasil e promoveu, em sua grande maioria, a substituição dessas carteiras", disse Paulo Henrique Costa. "Após a identificação dessas questões, a atuação do BRB consistiu na com [sic] revisão da documentação, reforço de controles e ajustes de processos, medidas adotadas para mitigar riscos e preservar a instituição", completou. Ainda na terça (18), o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), indicou Celso Eloi de Souza Cavalhero para assumir a presidência do BRB. Celso Eloi é servidor da Caixa Econômica Federal e desde 2020 ocupa o cargo de Superintendente Executivo, em Brasília. Ao g1, o novo presidente indicado informou que já está realizando os trâmites para assumir o Banco de Brasília. Investigação atinge o BRB A investigação da Polícia Federal que levou à prisão de Daniel Vorcaro também encontrou indícios de que os dirigentes do Banco de Brasília (BRB) cometeram gestão fraudulenta da instituição. Em uma decisão obtida pela TV Globo, consta que o Ministério Público Federal identificou "indícios de participação consciente dos dirigentes do BRB no suposto esquema fraudulento engendrado pelos gestores do Banco Master". Segundo o documento, o BRB injetou R$ 16,7 bilhões no Master entre 2024 e 2025. Desses, pelo menos R$ 12,2 bilhões envolvem operações em que há fortes indícios de fraude. O que a investigação descobriu O Banco Master emitiu R$ 50 bilhões em certificados de depósito bancário (CDBs) prometendo juros acima das taxas de mercado e sem comprovar que tinha liquidez, ou seja, que conseguiria pagar esses títulos no futuro. Ao comprar um CDB, o cliente empresta o dinheiro ao banco e recebe juros em troca. Para reforçar essa impressão de liquidez, o Master aplicou parte desses R$ 50 bilhões em ativos que não existem, comprando créditos de uma empresa chamada Tirreno. O Master não pagou nada por essa compra, mas logo em seguida vendeu esses mesmos créditos ao BRB — que pagou R$ 12,2 bilhões, sem documentação, para "socorrer" o caixa do Banco Master. Essas transações aconteceram no mesmo período em que o BRB tentava comprar o próprio Banco Master — e convencer os órgãos de fiscalização de que a transação era viável e não geraria risco aos acionistas do BRB, incluindo o governo do DF. O que diz o BRB Em nota na terça-feira, o BRB informou que não está entre os alvos de bloqueio de bens no âmbito da Operação Compliance Zero. Segundo o banco, a Justiça Federal em Brasília corrigiu uma decisão anterior e confirmou que o bloqueio de R$ 12,2 bilhões não se aplica ao BRB. A medida vale apenas para pessoas físicas investigadas e para outras instituições citadas no processo. Na nova decisão, a Justiça afirmou que a eventual responsabilidade de dirigentes do banco não se confunde com a do BRB, que é pessoa jurídica. Leia o comunicado na íntegra O BRB esclarece que não é alvo de bloqueio de bens no âmbito da Operação Compliance Zero. Informações divulgadas por veículos de imprensa afirmaram que a Justiça Federal teria determinado o bloqueio de R$ 12,2 bilhões pertencentes ao Banco de Brasília. No entanto, decisão da 10ª Vara Federal de Brasília, desta data, expressamente retifica despacho anterior para excluir o Banco BRB das medidas de constrição patrimonial. Conforme o texto da decisão: “Retifico a decisão (…) para excluir o Banco Regional de Brasília (…) das medidas de constrição patrimonial referentes ao bloqueio do montante total de R$ 12,2 bilhões de suas contas, uma vez que a eventual responsabilidade de seus dirigentes (pessoas físicas) não se confunde com a da pessoa jurídica, a qual figura como instituição financeira.”. O Banco ressalta que não há qualquer bloqueio de bens ou valores da instituição, sendo as medidas aplicadas exclusivamente a pessoas físicas investigadas e a outras instituições mencionadas nos autos, O BRB reforça seu compromisso com a transparência, a legalidade e o cumprimento rigoroso das normas que regem o sistema financeiro nacional. Entrada do BRB, Banco de Brasília, em 18 de novembro de 2025. Reuters/Mateus Bonomi