cover
Tocando Agora:

Explosões perto do STF: o que se sabe e o que falta esclarecer

Artefatos foram detonados em um carro no estacionamento do Anexo IV da Câmara dos Deputados e em frente ao STF, na noite de quarta-feira (13). Homem morto na P...

Explosões perto do STF: o que se sabe e o que falta esclarecer
Explosões perto do STF: o que se sabe e o que falta esclarecer (Foto: Reprodução)

Artefatos foram detonados em um carro no estacionamento do Anexo IV da Câmara dos Deputados e em frente ao STF, na noite de quarta-feira (13). Homem morto na Praça dos Três Poderes era o dono de veículo com explosivos. Veja o que se sabe sobre a tentativa de ataque ao STF com explosivos Um homem morreu após uma explosão em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), na Praça dos Três Poderes, em Brasília, na noite de quarta-feira (13). Momentos antes, outras explosões aconteceram em um carro que estava no estacionamento do Anexo IV da Câmara dos Deputados. O intervalo entre as explosões nos dois locais foi de 20 segundos. Bombeiros e militares especializados em explosivos estão no local para fazer uma varredura. O corpo de Francisco Wanderley Luiz foi levado para o Serviço de Medicina Legal da Polícia Federal, no Instituto Nacional de Criminalística. A Polícia Militar do Distrito Federal faz uma varredura, na manhã desta quinta-feira (14), na Praça dos Três Poderes. Por conta disso, as atividades no Supremo e na Câmara foram suspensas até o meio-dia. Já o Senado decidiu cancelar o expediente. O Planalto ainda não informou se agenda de Lula será mantida. Polícia faz varredura na Praça dos Três Poderes para verificar se há mais explosivos TV Globo/Reprodução Homem detona explosivos e morre em frente ao STF Confira abaixo o que se sabe e o que falta esclarecer sobre o caso. Foram quantas explosões? Quem era homem que morreu? Quais artefatos foram usados? O que aconteceu antes das explosões? Quem está investigando o caso? O que dizem as testemunhas? Como estão os locais das explosões? Alguém mais ficou ferido? O que acontecia nos prédios dos três poderes? Desde quando ele estava no Distrito Federal? O que havia dentro da casa alugada em Ceilândia? Quais ou quem eram os alvos das explosões? O homem agiu sozinho ou há mais pessoas envolvidas? Pontos que faltam ser esclarecidos Praça dos Três Poderes, em Brasília, é isolada após explosões; uma pessoa morreu Eraldo Peres/AP 1 - Foram quantas explosões? Não havia um número exato de explosões até a última atualização desta reportagem. Porém, é possível afirmar que foram dois eventos principais com explosões, em um intervalo de 20 segundos. Primeiro, às 19h30, em um carro estacionado no Anexo IV da Câmara dos Deputados. Na sequência, outra explosão em frente ao STF. Francisco Wanderley Luiz foi identificado como proprietário do carro e autor das explosões. Ele morreu após detonar explosivos em frente ao STF. 2 - Quem era o homem que morreu? De acordo com o boletim de ocorrência da Polícia Civil, a vítima da explosão foi identificada como sendo Francisco Wanderley Luiz, o proprietário do veículo que também explodiu no estacionamento entre o STF e o Anexo IV da Câmara dos Deputados. O carro tem placa de Rio do Sul, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina. Francisco Wanderley Luiz, conhecido como Tiu França, foi candidato a vereador pelo PL nas eleições municipais de 2020 e não se elegeu (ele teve 98 votos naquela disputa). Segundo o irmão de Francisco, Rogério Luiz, ele era solteiro, atuava como chaveiro e tinha dois filhos, de 37 e 38 anos, do primeiro relacionamento. Francisco Wanderley Luiz Reprodução/Redes sociais 3 - Quais artefatos foram usados? Segundo o diretor da PF, as bombas eram de fabricação artesanal, mas de "alto grau de lesividade". Francisco Wanderley portava um extintor carregado com gasolina, simulando um lança-chamas. "Reitera a gravidade da situação que encontramos", afirmou Andrei Rodrigues. No porta-malas do veículo de Francisco, havia vários fogos de artifício montados sobre uma estrutura de tijolos com o objetivo de "canalizar" a explosão para uma única direção. O esquadrão antibombas foi acionado e fez uma varredura nos locais das explosões. Os militares ainda encontraram: um relógio com contagem regressiva no corpo de Francisco Wanderley; dois artefatos explosivos no cinto do homem; um artefato explosivo próximo ao corpo; um extintor de incêndio adaptado para explosão próximo ao corpo. No porta-malas do veículo do homem foram encontrados materiais parecidos com explosivos e tijolos, além de outros objetos. Também foram registradas imagens com fogo e fumaça no veículo. Parte das explosões no carro se parecia com fogos de artifício. 4 - O que aconteceu antes das explosões? Antes da explosão em frente ao STF, o Francisco Wanderley Luiz tentou entrar no prédio. Ele jogou um explosivo embaixo da marquise do edifício, mostrou que tinha artefatos presos ao corpo a um vigilante, deitou-se no chão e acionou outro explosivo na nuca. Em um relato à Polícia Civil, um segurança do STF afirmou que o homem estava com uma mochila, de onde tirou uma blusa, alguns artefatos e um extintor. Quando o segurança tentou se aproximar, o homem "abriu a camisa" e o segurança viu algo semelhante a um relógio digital, acreditando ser uma bomba. Dois ou três artefatos foram lançados pelo homem e estouraram antes dele se deitar no chão. No Boletim de Ocorrência, também consta que o homem compartilhou mensagens pelo aplicativo WhatsApp que antecipavam o que aconteceu na Praça dos Três Poderes, "manifestando previamente a intenção do autor em praticar o autoextermínio e o atentado a bomba contra pessoas e instituições". Segundo a Polícia Civil, ele alugou uma casa em Ceilândia, no Distrito Federal. O Boletim de Ocorrência afirma que na casa, que passava por perícia até a última atualização desta reportagem, policiais encontraram a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) de Francisco. Uma testemunha informou aos policiais que o homem esteve no local e usava uma "carretinha" no veículo. 5 - Quem está investigando o caso? A Polícia Federal (PF) abriu inquérito para investigar as explosões. O caso é investigado como ato terrorista, segundo informou o diretor-geral da corporação, Andrei Rodrigues. Um inquérito sobre o caso também foi aberto pela Polícia Civil do Distrito Federal. 6 - O que dizem as testemunhas? No momento do ocorrido, a funcionária do Tribunal de Contas da União (TCU) Layana Costa estava em um ponto de ônibus em frente ao STF. Segundo ela, um homem passou, segurando uma sacola, e acenou com "um joinha". Os relatos das testemunhas foram de barulho muito alto das explosões. A mulher afirma que, em seguida, ouviu a primeira explosão e, ao olhar para trás, viu que o homem jogou algo perto da estátua da Justiça e logo caiu. "Do nada a gente ouviu o barulho, eu olhei para trás e saiu fogo. Aquela fumaça", afirmou. Carlos Monteiro, dono de um food truck no estacionamento do anexo IV da Câmara dos Deputados, onde houve a explosão de um carro, contou que viu o carro pegando fogo. "Me informaram que ele parou o carro, tirou as coisas de dentro do porta mala e desceu com mochila nas costas e, de repente, a gente escutou as explosões, quando foi olhar, um fumaceiro muito forte, carro pegando fogo e ficamos sabendo que teve esse óbito", disse. 7 - Como estão os locais das explosões? Logo após as explosões, o perímetro da Praça dos Três Poderes foi isolado pelos policiais. O esquadrão antibombas foi até lá para fazer uma varredura e verificar a existência de mais explosivos nos arredores, inclusive em veículos e no corpo do homem que morreu. A segurança foi reforçada. Além da parte externa, os prédios do STF passaram por uma varredura completa para verificação de eventuais artefatos na madrugada e manhã desta quinta-feira (14). O expediente foi suspenso até o meio-dia em todos os prédios. Todas as atividades administrativas e legislativas da Câmara dos Deputados também foram suspensas ao menos até o meio-dia desta quinta. 8 - Alguém mais ficou ferido? Além da morte de Francisco Wanderley Luiz, não havia informações de pessoas feridas até a última atualização desta reportagem. 9 - O que acontecia nos prédios dos três poderes? No momento do incidente, ocorriam sessões na Câmara e no Senado, que foram suspensas. A sessão do STF já havia terminado, e ministros e servidores foram retirados em segurança. O presidente Lula não estava mais no Planalto — e não houve ordem para evacuar o prédio. 10 - Desde quando ele estava no Distrito Federal? O carro do homem que morreu após detonar artefatos explosivos em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), na noite desta quarta-feira (13), está em Brasília desde o dia 27 de julho deste ano. Ele saiu do Rio do Sul, em Santa Catarina, um dia antes. Conforme apurado pela TV Globo, a Inteligência da Polícia Rodoviária Federal (PRF) identificou que o veículo continuou circulando em Brasília desde então — prioritariamente nas cidades de Ceilândia e Taguatinga. As informações foram obtidas por meio de um sistema de monitoramento de veículos. 11 - O que havia dentro da casa alugada em Ceilândia? A Polícia Militar encontrou explosivos na casa alugada em Ceilândia. Eles eram semelhantes aos usados no STF. Segundo o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, uma gaveta nesse imóvel gerou uma "explosão gravíssima" ao ser aberta por um robô antibombas da corporação. Ninguém foi ferido pelo artefato. 12 - Quais ou quem eram os alvos das explosões? Encontrada pela Polícia Federal no interior de Santa Catarina, a ex-mulher de Francisco Wanderley Luiz, autor do ataque à bomba na Praça dos Três Poderes, disse a agentes da Polícia Federal que ele “queria matar o ministro Alexandre de Moraes e quem mais estivesse junto na hora do atentado”. As informações foram registradas informalmente pela PF e ela está sendo conduzida à delegacia para formalizar todas as declarações em depoimento formal. 13 - O homem agiu sozinho ou há mais pessoas envolvidas? O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou que as explosões registradas na área central da capital apontam que os grupos extremistas responsáveis por atos similares em anos anteriores seguem ativos. Rodrigues afirmou, também, que há indícios de que o homem agiu sozinho e de que premeditou o crime por meses. 14 - Pontos que faltam ser esclarecidos Qual a motivação para explodir os artefatos? O homem conversou ao telefone com alguém antes das explosões?